
Moto3
A classe de Moto3 foi este ano a classe que mais emoção trouxe ao campeonato do mundo de velocidade.
Com os seus pelotões de 10 e mais máquinas a disputar a vitória, os pilotos não se podiam dar ao luxo de cometer erros porque a recuperação destes pequenos motores está muito limitada. São, por isso dignos de nota todos os que primaram pela regularidade o seu campeonato. Entre estes está o campeão, Alex Marquez, irmão de outro campeão do mundo, Marc Marquez e que mostrou a garra que esta família tem. É caso para dizer “the force is strong in the family!”
Com uma pré-época muito má, as Honda não se apresentavam competitivas, especialmente frente às evoluídas KTM que reinam há uns anos em Moto3, nomeadamente desde que a categoria aderiu aos motores a 4 tempos. Contudo os pilotos que tinham lutado pelo título em 2013, Marquez e Rins estavam na Estrella Gallicia que trabalhava com a Honda. Na KTM apareciam nomes que ainda precisavam de provar como Miller e Fenati. Miguel Oliveira na Mahindra fazia uma pré-época muito boa com excelentes sinais em como a Mahindra poderia fazer, finalmente frente ao esquadrão KTM. Mas saiu tudo ao contrário assim que as motos partiram para a primeira prova. As Honda estavam efectivamente muito competitivas e Vazquez com uma Honda era mesmo o piloto que dava nas vistas com a velocidade na recta da meta. As KTM com Miller na RedBull e Fenati na VR46 conseguiam um ascendente inicial que relegava Marquez e Rins para segundo plano. Miguel tinha problemas com a Mahindra que o faziam alternar (durante a época toda, infelizmente) o muito bom com o muito mau, tendo mesmo ficado parado na grelha no novo circuito da Argentina. Miller dominou a primeira metade da época com Marquez e Rins a lutarem para chegar à frente e Vazquez a assumir o papel de surpresa da época. Mas foi a partir de meados da época que as coisas mudaram de figura quando Marquez, depois de subir a pulso na classificação empurra literalmente Miller para o segundo posto na classificação do mundial. Seguiu-se uma série negra para o piloto australiano que perdeu muitos pontos nestas corridas deixando Marquez destacado na frente. O espanhol ganhava confiança mesmo sem a ajuda do seu companheiro de equipa Rins, que andava uns degraus mais abaixo. Vazquez perdia folego e Fenati debatia-se com problemas técnicos na sua KTM. A decisão ficava na dupla Marquez/Miller que levaram a batalha até á última prova fruto de um ressurgimento da boa forma de Miller nas últimas corridas. Mas era tarde demais e a recuperação, se bem que impetuosa, foi infrutífera e Miller acaba por perder o campeonato por dois pontos, mas essencialmente por não saber gerir a vantagem que tinha a meio do campeonato. Miguel acabou a época como tinha começado, aos soluços, fazendo boas performances nos treinos e más nas corridas, e vice-versa. Mas foi-lhe reconhecido o mérito e em 2015 Miguel estará com um dos melhores materiais de Moto3, a KTM RedBull. Esperamos que esta oportunidade seja o catalisador para uma carreira que está adormecida desde a famosa batalha com Viñales em Pre-GP!
1 Alex MARQUEZ Honda SPA 278
2 Jack MILLER KTM AUS 276
3 Alex RINS Honda SPA 237
4 Efren VAZQUEZ Honda SPA 222
5 Romano FENATI KTM ITA 176
6 Alexis MASBOU Honda FRA 164
7 Isaac VIÑALES KTM SPA 141
8 Danny KENT Husqvarna GBR 129
9 Enea BASTIANINI KTM ITA 127
10 Miguel OLIVEIRA Mahindra POR 110
Moto2
Ao contrário de Moto3, Moto2 não trouxe nada de especial ao campeonato do mundo de velocidade. Nem emoção, como em 2013, nem expectativa, nem grandes casos mediáticos, foi uma completa antítese de 2013. Tudo isto não rouba qualquer mérito a Esteve Rabat na conquista do ceptro. Inclusivamente o piloto espanhol continuou a ganhar provas mesmo depois de assegurado a sua conquista. Mas também é certo que não teve oposição no último terço da prova, consubstanciando a pobreza de emoção que já tinhamos testemunhado ao longo da época.
Não há muito a dizer sobre a prova. Esteve Rabat foi o piloto que “sobrou” da luta titânica de 2013 e era previsível, até porque mudava para a melhor equipe de Moto2 – Marc VDS Racing Team – que fosse o principal pretendente à conquista. De facto a equipa estava tão forte que a luta pelo título aconteceu entre os dois companheiros de equipa, Rabat e Kallio que iam conquistando pontos um ao outro até meados do campeonato. Mas até então os pontos eram conquistados quando um ou outro tinham um problema, o embate pessoal ainda não tinha existido. Foi precisamente nessa altura, em que Kallio teve que enfrentar directamente Rabat que as coisas começaram a correr mal para o filandês. Durante 4 ou 5 corridas o espectaculo era sempre o mesmo. Kallio arrancava da linha de grelha como um tiro e colocava-se na liderança da prova. Rabat ia subindo devagar e passava Kallio quase no fim da corrida (muito parecido com o que aconteceu a Nakagami em 2013), o que foi desmoralizando Kallio acabando por ferir de morte as aspirações a ganhar o campeonato. Pelo meio é justo falar de um Viñales que a partir de meados da época se mostrou numa forma espectacular ganhando algumas corridas mas não constituindo qualquer perigo para Rabat (acabou por ficar a 12 pontos de Kallio!). Contudo poderia ser um valor a considerar para 2015, não estivesse já em MotoGP na equipa da Suzuki. Depois temos os dois suíços Aegerter e Luthi que passaram a época toda a encontrar-se na classificação e na corrida fazendo as delícias dos espectadores. Foram aliás, estes dois pilotos que mais animaram as provas de Moto2. Luthi acabou por ganhar esta batalha helvética, mas ambos deram mostras que são capazes de se intrometer nos primeiros lugares. Para 2015 Rabat decidiu ficar em Moto2 constituindo talvez um desafio para o piloto a possibilidade de poder ser o primeiro piloto a ganhar Moto2 pela segunda vez. Inédito desde que existe esta categoria. Esperemos que 2015 venha a recuperar a emoção de 2013.
1 Esteve RABAT Kalex SPA 346
2 Mika KALLIO Kalex FIN 289
3 Maverick VIÑALES Kalex SPA 274
4 Thomas LUTHI Suter SWI 194
5 Dominique AEGERTER Suter SWI 172
6 Johann ZARCO Caterham Suter FRA 146
7 Simone CORSI Kalex ITA 100
8 Luis SALOM Kalex SPA 85
9 Sandro CORTESE Kalex GER 85
10 Marcel SCHROTTER Tech 3 GER 80
MotoGP
MotoGP tem vindo a ganhar interesse nos últimos anos. Se em 2013 Marquez ganhava o campeonato com alguma surpresa dos analistas e muito suor do próprio espanhol, em 2014 passeou a sua classe e previsivél invencibilidade pelas pistas do mundo mas sempre com uma entrega e um profissionalismo que só encontra paralelo em Rossi. Certamente que iremos ouvir falar de Marquez por muitos anos no campeonato do mundo de velocidade, mas quantos mais anos ouviremos falar de Rossi? Porque este renasceu das cinzas para se tornar num verdadeiro fenómeno de longevidade. E curiosamente pensa fazer melhor que o vice-campeonato em 2015!
Com um começo de época muito atribulado Jorge Lorenzo abria caminho para Marquez liderar o campeonato sem oposição. De facto previa-se que fosse Lorenzo o único a conseguir, de alguma forma deter Marquez. Mas foi Rossi que aproveitando as escorregadelas iniciais do companheiro de equipa mais lutou para impedir Marquez de ganhar as provas. A outra “carta do baralho” era Pedrosa. O “eterno segundo” beneficiava da tecnologia da Honda mas mostrava-se incapaz de, não só acompanhar o companheiro de equipa, mas também de Rossi que seguia no encalço de Marquez. A meio da época Marquez ainda não conhecia outro lugar além do primeiro. Com dez vitórias sucessivas o campeão do mundo corria atrás do record do mais jovem piloto a a ganhar 11 grandes prémios sucessivos. Mas o destino queria algo diferente e Marquez não bateu esse record, que acabou por ser o único que não bateu. Aliás a concentração do espanhol fez um ligeiro intervalo, acabando por permitir que Jorge Lorenzo, agora completamente reabilitado surgisse tal como em 2013 a fazer excelentes corridas no último terço do campeonato. Contudo este não era o ano de Lorenzo e foi mesmo Rossi quem encantou no fim do campeonato com o culminar da vitória em Valência. Pedrosa bem tentou, mas não esteve à altura dos 3 primeiros acabando Mesmo por perder o terceiro posto no mundial para Lorenzo. Parece que o campeonato é só Honda/Yamaha, mas não! A Ducati que desde que Stoner saiu para a Honda nunca mais se encontrou, viu em 2014 uma “luz ao fundo do túnel” com Dovizioso e Crutchlow a fazerem uma excelente ponta final de campeonato, mas especialmente um Andrea Iannone que levou a Ducati a muito bom plano, prevendo-se que em 2015 esta marca esteja finalmente em condições de lutar pelos lugares cimeiros. No extremo oposto Bautista teve um ano para esquecer. Com uma sucessão inexplicavel de quedas no inicio da época, o piloto espanhol nunca se chegou a encontrar contrastando com as lutas titânicas com Rossi de 2013. Uma nota final para o “wild card” da Suzuki em Valência, Randy DePuniet que acabou por desistir com problemas técnicos mas que levou a marca de Hamamatsu a participar numa prova de MotoGP mais de de 3 anos depois de ter abandonado a competição. Saúda-se o retorno da marca nipónica bem como da Aprilia para 2015.
Resta realçar que em 2014 fez-se história! Pela primeira vez em mais de 70 anos dois irmãos foram campeões nas respectivas categorias no mesmo ano. Falamos de Alex e Marc marquez, respectivamente campeões de Moto3 e MotoGP.
1 Marc MARQUEZ Honda SPA 362
2 Valentino ROSSI Yamaha ITA 295
3 Jorge LORENZO Yamaha SPA 263
4 Dani PEDROSA Honda SPA 246
5 Andrea DOVIZIOSO Ducati ITA 187
6 Pol ESPARGARO Yamaha SPA 136
7 Aleix ESPARGARO Forward Yamaha SPA 126
8 Bradley SMITH Yamaha GBR 121
9 Stefan BRADL Honda GER 117
10 Andrea IANNONE Ducati ITA 102
By Aires Pereira