
Miguel Oliveira é oficialmente o primeiro piloto luso a ganhar uma prova do campeonato do mundo de velocidade. E não ganhou porque outros perderam, eficientemente tapou as linhas de ultrapassagem nas últimas voltas protegendo-se de ataques e usando uma técnica de entrada na última curva que permitia ganhar o avanço necessário para impedir as ultrapassagens no cone de ar. Parabéns Miguel e esperemos que seja a primeira de muitas!
Mugello, uma das mais importantes pistas do campeonato do mundo de velocidade viu, pela primeira vez um piloto português no lugar mais alto do pódio. É um facto que Miguel já tinha “ameaçado” por diversas vezes com chegadas “ao sprint” envolvido no pelotão. Mas até á data nunca o tínhamos visto a ser tão incisivo nas ultrapassagens nem a defender a posição como defendeu. E isso fez toda a diferença.
Já em 2014 Miguel esteve perto de fazer um brilharete com a Mahindra nesta pista mas faltava-lhe qualquer coisa para poder fazer a enorme recta da meta e chegar á frente. Em 2015 o motor KTM ajudou-o na sua táctica que compreendia uma entrada algo larga na última curva de modo a conseguir uma maior velocidade de ponta e assim impedir a ultrapassagem pelo cone de ar. Esse foi o truque que foi aperfeiçoando ao longo das sessões de treinos com os melhores tempos a serem dispersos por vários pilotos, curiosamente não italianos e com Miguel sempre lá em cima. Mas a qualificação trouxe um amargo de boca a Miguel que depois de ter estado durante a maior parte do treino com tempo para partir da primeira linha viu-se ultrapassado no último minuto por vários pilotos que, usando o cone de ar catapultaram os seus tempos. Miguel viu-se assim na contingência de partir da 11ª posição. A pole position era conseguida por Kent e Ono (ambos da Honda Leopard) e Fenati que parece ter, finalmente ultrapassado os problemas de afinação da sua KTM VR46.
A corrida foi incrível. Formaram-se inicialmente dois pelotões de pilotos com Fenati e Kent a batalharem pela liderança no meio de 9 pilotos e outros tantos, cerca de um segundo atrás onde ia Miguel cuja partida não foi das mais famosas. Mas rapidamente os grupos se uniram para dar lugar a um pelotão de 20 motos, todas a batalharem pela vitória. Entrou-se então numa fase em que um piloto poderia estar na liderança numa curva e estar em 10º ou pior na curva seguinte. Aconteceu com Kent, Fenati, Bastianini, etc. Só não aconteceu com Miguel. O português subia a pulso mas não voltava a perder a posição e na 9ª volta, com um verdadeiro golpe de mestre assume o comando da corrida. O único piloto que não se rendeu á superioridade de Miguel foi Fenati que ia tentando, sem sucesso roubar o 1º posto. Era especialmente notório a velocidade de Fenati na recta da meta e a recuperação da posição por parte do Miguel na travagem para a primeira curva. Impressionante foi o facto de miguel ter liderado mais de metade da corrida, com uma táctica excepcional, tendo-se deixado ultrapassar na última volta. Mas foi aí que assistimos a um novo Miguel, muito mais agressivo nas ultrapassagens e mostrando que não tinha qualquer problema em defender a posição. Nesta última volta Miguel ultrapassou três pilotos (um deles era Kent) e ainda teve tempo para entrar na recta da meta com espaço suficiente para impedir que usassem o cone de ar para o ultrapassar. Infelizmente Kent amealhou mais 20 pontos pela segunda posição e Fenati fecharia o pódio com uma ultrapassagem “à lupa”! Com esta prestação Miguel sobe ao 4º posto no mundial de pilotos!
1º Danny Kent – Honda (124 pts), 2º Enea Bastianini – Honda (78 pts), 3º Romano Fenati – KTM (67 pts)… 4º Miguel Oliveira – KTM (66 pts)